O 1º Simpósio Nacional de História das Doenças e das Artes de Curar” reuniu pela primeira vez em São Paulo, nos dias 28 e 29 de junho, pesquisadores de diversas partes do país para debater no teatro da FMUSP práticas médicas e de saúde pública estabelecidas no Brasil desde o seu descobrimento. O encontro prossegue hoje, dia 29, com mesas temáticas em diversas salas do primeiro e do quarto andar da FMUSP.
Organizado em parceria pelo Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz, Grupo de Trabalho História das Doenças da Associação Nacional de História (ANPUH) e Grupo de Estudos de História e Práticas Medicas do Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz da FMUSP, o evento trouxe temas como práticas terapêuticas e práticas populares, epidemias e endemias, políticas públicas em saúde, instituições médicas e de saúde pública, além de um debate científico sobre circularidades e diálogos internacionais da área.
“São Paulo ressentia de um encontro assim, porque temos um campo de história das práticas médicas e de saúde que a FMUSP vem abraçando fortemente na última década, mas que ainda não havia tido um simpósio reunindo professores, pesquisadores e estudantes de todo o território nacional”, disse o Prof. Dr. André Mota, coordenador do Museu da FMUSP e responsável pelas disciplinas de Medicina e Humanidades do curso de graduação e História das práticas médicas no Brasil, do curso de pós-graduação da FMUSP.
“Uma história de longa duração: doenças e curas na sociedade escravista”, foi a conferência de abertura, com a Prof. Dra. Maria Alice Rosa Ribeiro, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), autora de obras que se tornaram referência no campo de história da saúde no Brasil, como o História sem fim... Inventário da saúde pública (1993).
“Cada vez mais, fica evidente que a nossa sociedade tem uma marca de nascença, a qual não foi capaz de superar nos últimos 130 anos: o nosso berço é a escravidão. É uma história de longa duração em que os problemas sociais de desigualdade, pobreza e doenças, permanecem. Ainda hoje persiste a violência no campo e nas cidades contra negros e pobres”, disse Ribeiro.
A mesa de abertura, presidida pelo coordenador do Museu da FMUSP, contou com as presenças do Prof. Dr. Paulo Rossi Menezes e da Profa. Dra. Lilia Blima Schraiber, respectivamente chefe e chefe-suplente do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, da Profa. Dra. Dilene Raimundo do Nascimento, da Casa de Oswaldo Cruz- Fiocruz e coordenadora nacional do GT de História da Saúde e das Doenças da ANPUH.
“Somos herdeiros do pensamento crítico que os sanitaristas Sérgio Arouca e Cecília Donnangelo construíram nos anos de 1970 para um campo que pretendeu honrar e levar muito a sério a questão dos direitos à saúde. Esse simpósio nos leva a debater a história que construímos na saúde, as tradições que escolhemos manter e as opções que temos para escrever o futuro das práticas em saúde”, afirma Schraiber.