O Centro de Medicina Integrativa Mente-Corpo do Departamento de Clínica Médica do HCFMUSP realizou no dia 18 de outubro o I Simpósio Internacional de Medicina Integrativa Mente-Corpo. Além dos palestrantes do Brasil e do exterior, o encontro reuniu especialistas e estudantes da área da saúde. As palestras foram realizadas no Anfiteatro 1 do Instituto de Radiologia (InRad) do HCFMUSP.
John Weeks, Editor-in-chief do The Journal of Alternative and Complementary Medicine (JACM), falou da história da medicina integrativa desde os seus primórdios, na década de 1970. O conceito nasceu no contexto da contracultura e da introdução do I Ching no Ocidente, em meio à publicação de obras revolucionarias na época, como Silent Spring, de Rachel Carson, e a canção “We Shall Overcome, Some Day”, gravada por inúmeros artistas.
“A medicina integrativa é um tratamento além da doença. Tratamos o paciente como um todo, desde o seu estilo de vida, até a forma como ele se relaciona com o ambiente. A interação com o paciente é muito importante. Vemos hoje muitos médicos que sequer olham nos olhos de seus pacientes. Acredito que se conseguirmos agir preventivamente, antes da doença levar a pessoa ao hospital, então teríamos mais o que fazer para melhorar a medicina”, disse o Prof. Dr. Chin An Lin, chefe do Ambulatório Geral Didático do HCMFUSP. Co-coordenador do Centro de Medicina integrativa Mente/Corpo, o professor Lin tem publicações sobre acupuntura e desenvolve pesquisas nesse campo.
Inúmeras publicações e pesquisas científicas vêm dando suporte à credibilidade cada vez maior das práticas de medicina integrativa, mostrou o Prof. Dr. Emmanual Burdmann, da Disciplina de Nefrologia da FMUSP e co-coordenador do Centro de Medicina Integrativa Mente-Corpo. A área vem crescendo também no ensino da medicina, numa diversidade de programas acadêmicos, mostrou.
Segundo Burdmann, sua equipe aplicou em um grupo de estudantes da FMUSP algumas técnicas de medicina integrativa desenvolvidas pela Dra. Susan Andrews, psicóloga e antropóloga formada na Universidade de Harvard (EUA) e uma das palestrantes do encontro. Segundo Burdmann, os resultados mostraram aumento das citosinas anti-inflamatória dos estudantes, após a intervenção.
“No próximo ano, realizaremos duas pesquisas aplicando técnicas de medicina mente-corpo desenvolvidas pela Dra. Andrews. Uma será realizada em pacientes diabéticos e/ou hipertensos com ansiedade atendidos no Ambulatório Geral Didático da Clínica Médica no HCFMUSP. O objetivo é analisar os efeitos da técnica sobre transtornos de ansiedade e no controle de diabetes e hipertensão”, disse Burdmann.
Outra pesquisa será realizada com funcionários do HCFMUSP tratados por doenças crônicas não comunicáveis atendidos no SAME da FMUSP. “Nesse caso, a ideia é avaliar o efeito da técnica sobre a resiliência à carga de estresse e no tratamento das Doenças Crônicas não-Transmissíveis”, afirma Burdmann.
No Sistema Único de Saúde (SUS), a medicina integrativa ainda é relativamente nova, sendo que a Portaria Nº 849 de 2017 do Ministério da Saúde incluiu entre os serviços oferecidos as práticas de Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, reflexoterapia, Reike, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga.