Após a imunização de mais de 20 mil funcionários, número de casos sintomáticos de COVID-19 no maior complexo hospitalar da América Latina não acompanhou a tendência de crescimento observada na cidade de SP
Um estudo realizado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP demonstrou eficiência de 50,7% a partir de duas semanas e de 73,8% a partir de cinco semanas após a vacinação completa do imunizante do Butantan contra o novo coronavírus. Foram mais 20 mil profissionais do complexo vacinados.
A pesquisa levou em conta os casos sintomáticos de funcionários observados comparados com a curva observada no município de São Paulo durante o mesmo período.
Foi possível observar que o número de casos registrados no HC após a vacinação não acompanhou a tendência de crescimento exponencial da doença observado na capital paulista. Em 2020, antes de haver vacina disponível, as ocorrências de COVID-19 mantiveram o mesmo padrão tanto no HC quanto no município de São Paulo.
Na terceira semana de janeiro, quando a vacinação foi iniciada no HC, a cidade de São Paulo registrou 16,2 mil novos casos de COVID-19, enquanto no complexo houve 51. Já na última semana de março foram registrados 23,9 mil casos na capital paulista, contra 46 no HC FMUSP.
Se a tendência de crescimento de casos no município fosse a mesma no complexo, a expectativa no HC seria superior a 175 ocorrências de COVID-19 na última semana de março, mas, com a vacinação, o número observado foi 73,8% inferior.
Os mutirões de vacinação no complexo do HC, que reúne oito institutos, foram realizados nos dias 18 e 21 de janeiro para a primeira dose, e em 14 e 16 de fevereiro, para a segunda.
“Nesse estudo, falamos em efetividade da vacina porque é uma aplicação na vida real, diferente do que é realizado nos ensaios clínicos, que avaliam a eficácia em condições específicas e consideradas ideais. Esse estudo na coorte dos funcionários do HC, que vacinou um número grande de pessoas, é fundamental porque corrobora os resultados obtidos nos estudos clínicos do Butantan”, afirma a chefe da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HCFMUSP, Anna Sara Levin.
O estudo também avaliou a ocorrência das consideradas variantes de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dentre 142 amostras analisadas aleatoriamente, 67 foram identificadas como variantes, das quais 57 do Amazonas (P1), 5 do Reino Unido (B.1.1.7) e outras 5 que não puderam ser identificadas pelos métodos utilizados no estudo.