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As disciplinas de Atenção Primária à Saúde (APS) vêm ganhando cada vez mais força no novo currículo da formação médica (Reforma Curricular 5043) adotado pela Faculdade de Medicina da USP há 4 anos. A mudança alinha a instituição a uma tendência mundial de compreender a importância da Atenção Primária, que é o nível de atendimento em saúde no qual estão as Unidades Básicas de Saúde (UBS), mais popularmente conhecidas como postos de saúde.

Como resultado, os alunos vão gradativamente conhecendo melhor essa especialidade, presente na grade curricular desde o início até os últimos anos de formação, conforme explica a supervisora técnico-administrativa do Programa de Atenção Primária da FMUSP, Mariana Sato, médica pediatra, médica de família e comunidade e mestre em Saúde Coletiva pela FMUSP.

“O mundo percebeu a importância de investir nessa área.  Os países onde esse nível de atenção é forte são também aqueles onde há os melhores indicadores de saúde. Para aprimorar os indicadores, é preciso conhecer as crenças, sabedorias e práticas dos lugares. As ações de saúde serão mais eficazes se fizerem sentido dentro de determinada realidade cultural. É essa riqueza que o campo da Atenção Primária proporciona ao aluno”, diz a médica.

O hospital é o lugar onde as pessoas ficam durante o período da doença. Mas do lado de fora desse ambiente é onde se dá a realidade da vida, onde os alunos podem ter contato com a diversidade, vivenciar o ambiente, a profissão e a família das pessoas, observa Sato.

“Esse olhar holístico faz com que o aluno entenda os determinantes sociais de saúde, ou seja, que a doença não é a consequência apenas de um germe infeccioso, mas o resultado de vários fatores sociais. Essa compreensão faz toda a diferença. Independentemente da especialidade escolhida, o aluno certamente será um profissional melhor e mais completo se tiver essa visão”, diz a médica.

Em 2015, a FMUSP investiu na continuidade da qualificação do ensino em APS com a criação de comissões e programas, além do investimento em pessoal especializado para acompanhar os alunos, segundo a supervisora.

“Foi regularizada a Subcomissão de Ensino em APS, que já desenvolvia atividades nessa área há pelo menos oito anos. Também foi criado o Programa de Atenção Primária e contratada uma equipe de profissionais de ensino e pesquisa”

A equipe de profissionais de ensino e pesquisa fica nas UBSs e organiza os estágios práticos nas unidades de saúde, garantindo todo o aprendizado prático de acordo com o planejamento acadêmico de cada curso, conta supervisora.

Outro indicador importante tem sido a procura da residência médica pela especialidade de Medicina em Família e Comunidade. “Das 10 vagas existentes, metade foi preenchida por egressos da FMUSP e isso nunca tinha acontecido antes, mostrando que os alunos estão entendendo a importância desse nível de atenção”, conclui a médica.

Alunos da FMUSP em visita domiciliar

Discussão dos casos na UBS Vila Dalva

Aluna em atendimento na UBS Vila Dalva

Alunos da FMUSP conhecem comunidade de Vila Dalva

Dra. Mariana Sato, supervisora técnico-administrativa do Programa de Atenção Primária da FMUSP