Doenças dificultam resposta imune robusta, que também pode ser diminuída com a idade e medicações; em estudo prospectivo, porém, vacina atingiu critérios mínimos estabelecidos
Pacientes com doenças reumáticas autoimunes (DRA) apresentaram resposta de anticorpos moderada à Coronavac após tomarem a segunda dose da vacina, resposta essa considerada satisfatória em 70% deles. A vacina também demonstrou um bom perfil de segurança para este grupo. Essas são algumas das conclusões de um estudo prospectivo liderado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
Como era esperado pela própria característica da doença, seis semanas após a segunda dose houve menor taxa de soroconversão (geração de anticorpos IgG) no grupo com doença reumática (70%) em comparação com o grupo controle (95%). Em relação à produção de anticorpos neutralizantes, o teste que avalia a capacidade da vacina em induzir uma resposta imunológica e conseguir bloquear a ligação do vírus na célula em mais de 30%, também foi diminuída no grupo de pacientes com doenças autoimunes (56% contra 79%).
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O estudo teve como objetivo principal avaliar a imunogenicidade humoral – que é a capacidade de uma substância provocar uma resposta imune com produção de anticorpos pelo paciente. Também se buscou contribuir com mais dados sobre a segurança da vacina no grupo estudado.
Os voluntários (910 portadores de doenças reumáticas autoimunes e 182 adultos saudáveis, com idade e sexo pareados) receberam as duas doses da vacina em um intervalo de 28 dias e foram acompanhados por 80 dias por meio de atendimentos presenciais, telefone, mensagem instantânea e e-mail.
Trabalhos anteriores que investigaram a eficácia de vacinas de RNA mensageiro (como das da Pfizer e da Moderna) contra a Covid-19 em pacientes com DRA mostraram respostas ligeiramente reduzidas, mas foram os resultados foram limitados pela ausência de um grupo controle e pelo pequeno número de pacientes com DRA. Além disso, a produção de anticorpos neutralizantes não foi necessariamente avaliada.
De acordo com a Profa. Eloísa Bonfá, médica reumatologista e professora de do Departamento de Clínica Médica da FMUSP, pacientes imunocomprometidos estão mais propensos a desenvolverem doenças infecciosas devido à desregulação imunológica e aos regimes de tratamento para as respectivas doenças. “Por esses motivos, a gente espera uma ação reduzida da vacina”, explica ao Jornal da USP. “Quando iniciamos o trabalho, nosso intuito era investigar que tipo de dano essa menor proteção poderia causar”.
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