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Estudo recente, publicado em março de 2023 na Alzheimer’s and Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, ressalta a importância de testes cognitivos frequentes após infecção pelo coronavírus, dada a alta frequência de déficit após Covid-19. Os resultados deste estudo apontam a necessidade do preparo de cuidados transitórios e acompanhamento de longo período aos pacientes internados por coronavírus grave.

Esses foram alguns dos principais achados pela pesquisa desenvolvida por um grupo formado com foco nas investigações científicas sobre Covid-19 no Complexo do Hospital das Clínicas (HC) e na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Conduzido pelos autores principais e correspondentes: Profa. Claudia Kimie Suemoto, Professora Associada da Disciplina de Geriatria do Departamento de Clínica Médica da FMUSP e o Dr. Márlon Juliano Romero Aliberti, pesquisador do Laboratório de Investigação Médica em Envelhecimento (LIM/66) do HCFMUSP.

Foram analisados dados de 1105 adultos admitidos com Covid-19 grave no HCFMUSP. Todos os pacientes foram acompanhados por um ano após alta hospitalar e realizaram entrevistas por telefone a cada três meses. Durante as ligações telefônicas foram incluídos testes cognitivos, perguntas sobre visitas ao pronto-atendimento, novas internações hospitalares, persistência de sintomas neurológicos, como dor de cabeça, dificuldade de sentir cheiro e gosto, fadiga e dor muscular, além da averiguação sobre o estado de fragilidade física do paciente.

Através dos dados obtidos durante a internação por Covid-19 e dos dados pós-alta hospitalar, foi possível identificar três padrões de trajetórias cognitivas ao longo de um ano após alta hospitalar. Quem comenta é a Dra. Natalia Gomes Gonçalves, pós-doutoranda da FMUSP, e uma das pesquisadoras envolvidas no estudo: “ausência de déficit cognitivo em 69% dos pacientes; déficit cognitivo de curto prazo, que durou por até um mês após alta hospitalar (20% dos pacientes); e déficit cognitivo persistente, que perdurou durante todo o acompanhamento pós-alta hospitalar de um ano (11 % dos pacientes)”. 

A Dra. Natalia Gonçalves ainda completa e diz que os principais fatores relacionados ao déficit cognitivo pós-alta hospitalar foram: “idade avançada, sexo feminino, diagnóstico de demência ou queixas de memória prévios ao diagnóstico de Covid-19, fragilidade física prévia, alta contagem de plaquetas e confusão durante a internação”. Além disso, internações hospitalares e desenvolvimento de fragilidade pós-alta por coronavírus também foram associados a maior risco de déficit cognitivo. 

Acesse a publicação em: https://alz-journals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/alz.12993