Notícias

Os aspectos multifatoriais da dor moldam comportamentos e atitudes. Um exemplo desse fenômeno foi a pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954), que teve sua vida e obra profundamente influenciadas pelo impacto da dor, como exemplificou a professora Marina Salvetti, em sua palestra no II Simpósio Interprofissional de Graduação: Abordagem da Dor, realizado nos dias 1 e 2 de agosto na Escola de Enfermagem (EE) da USP.

A cerimônia de abertura contou com a presença do pró-reitor de Graduação da USP, Prof. Edmund Baracat, ligado ao Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da FMUSP e da Profa. Regina Szytit, diretora da EEUSP . O tema ganhou enfoque de diversas áreas, com a participação da Profa. Marina Peduzzi, da EEUSP; do Prof. Hazem Ashmawi, da Divisão de Anestesia do HCFMUSP e Supervisor do Programa de Residência Médica em Dor da FMUSP; da Profa. Andrea Portnoi, psicóloga da Liga de Dor da FMUSP, Karine Dal Paz, farmacêutica clínica do Hospital Universitário da USP e Ana Carolina Basso Schmitt, Profa. do curso de Fisioterapia da FMUSP, entre outros participantes.

Os palestrantes mostraram que além da questão física, a ativação do estímulo doloroso percorre um caminho que passa por aspectos emocionais, sensitivos, afetivos, cognitivos e neurovegetativos. “A dor é um fenômeno complexo e precisa de uma abordagem interdisciplinar para sua compreensão. O objetivo desse simpósio é promover a integração entre diferentes áreas da saúde, visando criar um conceito de trabalho entre as diferentes formas de pensar e de atuar na saúde, com o pensamento centrado no paciente”, disse um dos coordenadores do encontro, professor Hazem Adel Ashmawi.

Segundo Ashmawi, a dor é uma situação clínica bastante comum e sua importância dentro do atendimento em saúde está impulsionando a criação de uma disciplina optativa de graduação. A ideia é criar uma disciplina interunidades, ligada à Pró-reitoria de Graduação da USP, focada na interprofissionalidade e na abordagem multifatorial da dor, disse.

De acordo com o professor Baracat, a dor ainda é um enigma. “Muito se pesquisa e muitas vezes não temos a sua causa. Na minha área, que é a ginecológica, a dor pélvica é algo insuportável, de diagnostico difícil e multifatorial. Por isso, espero em breve ver a abordagem da dor em uma disciplina optativa que estão criando e que deverá estar ligada à Pró-reitoria de Graduação”, disse Baracat.

Para a professora Lígia Ferreira Gomes, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, uma das organizadoras do evento, "a iniciativa fortalece o ensino interprofissional na USP e representa uma contribuição importante para a formação de equipes multiprofissionais para a área da saúde".

O encerramento aconteceu no Teatro da FMUSP. O simpósio teve um terceiro dia de atividades, no anfiteatro do Hospital Universitário da USP, no dia 3 de agosto, com a participação dos alunos de graduação integrantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade).