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Estudo conduzido no Centro de Pesquisa em Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma) da Universidade de São Paulo (USP) ajuda a entender como uma condição hereditária que afeta os rins – a doença renal policística autossômica dominante (DRPAD) – pode levar ao desenvolvimento de disfunção cardíaca, hoje considerada a principal causa de morte nesses pacientes.

Em artigo publicado na revista Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Molecular Basis of Disease, os cientistas descreveram pela primeira vez a reprogramação metabólica que ocorre no coração e as anormalidades mitocondriais (que afetam a organela celular responsável pela produção de energia) que surgem no contexto da DRPAD. Embora o estudo tenha sido feito em um modelo animal, várias das alterações observadas podem potencialmente ser aplicáveis à doença humana.

Como explicam os autores, a DRPAD é uma enfermidade sistêmica que leva à formação de cistos renais múltiplos e bilaterais e à perda progressiva da função renal, além de apresentar manifestações extrarrenais, como alterações cardiovasculares. Segundo estimativas, a doença acomete uma em cada mil pessoas. Na grande maioria dos casos, é causada por mutações no gene Pkd1, que codifica a proteína policistina-1, ou no gene Pkd2, que codifica a policistina-2. Nas últimas décadas, muitos estudos foram direcionados ao entendimento dos mecanismos moleculares envolvidos na formação dos cistos renais no contexto da DRPAD. E os defeitos metabólicos ganharam destaque nos últimos anos. No entanto, os mecanismos moleculares envolvidos na disfunção cardíaca associada à DRPAD ainda são desconhecidos.

“Este trabalho pioneiro propõe que alterações metabólicas estão envolvidas na disfunção cardíaca associada à deficiência funcional de policistina-1, revelando aspectos comuns e diferentes dos descritos para rins císticos de modelos animais no gene ortólogo ao Pkd1 [o gene correspondente no modelo animal]. É um estudo inicial, que abre a possibilidade de propor intervenções terapêuticas. Antigamente, pessoas com essa doença morriam de insuficiência renal, mas agora, com diálise e transplante renal, a maior parte das mortes é por alterações cardiovasculares”, conta Andressa Godoy Amaral, primeira autora do artigo.

Amaral realizou a pesquisa durante seu doutorado, sob a supervisão do professor Luiz Fernando Onuchic, responsável pelo Laboratório de Nefrologia Celular, Genética e Molecular da Faculdade de Medicina da USP. 

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