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Estudo inédito realizado por grupo de pesquisadoras do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) aponta a indução de anticorpos contra a COVID-19 no leite materno, mesmo quatro meses após a mãe ser submetida à vacinação contra o coronavírus.

A pesquisa contou com a participação voluntária de 20 colaboradoras do Complexo do Hospital das Clínicas da FMUSP (HCFMUSP), imunizadas durante mutirão realizado entre janeiro e fevereiro de 2021. A idade média das pesquisadas é de 35 anos e tempo médio de 11 meses de aleitamento.

Segurança da vacina

Titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e também coordenadora da pesquisa, Profª. Drª. Magda Carneiro-Sampaio destacou a segurança da vacina feita a partir de vírus inativado para uma imunização ainda durante a gestação, o que aumentaria a probabilidade de proteção ao recém-nascido.

“Existem duas formas de uma mãe oferecer anticorpos contra a COVID-19 ao filho após sua imunização. A primeira por meio da placenta, onde é possível a produção de anticorpos da classe IgG. A outra é pelo leite materno, onde o nosso estudo demonstrou a presença de anticorpos da classe IgA. Compreender essas duas possibilidades é oferecer um ciclo completo de proteção ao recém-nascido”, esclareceu a Professora Magda Carneiro-Sampaio.

Benefícios do leite materno

A Coordenadora Médica do Banco de Leite Humano do Instituto da Criança (ICr) e uma das coordenadoras da pesquisa, Drª. Valdenise Tuma Calil afirmou que “os resultados reforçam a importância da vacina para a contenção da doença”.

A médica neonatologista acrescentou: “A pesquisa comprovou também os benefícios do aleitamento materno, que podem ocorrer, inclusive, durante o período de infecção, desde que tomada todas as precauções para evitar o contágio entre mãe e filho”.

Detalhes da pesquisa

Foi realizado um ciclo de nove coletas de aproximadamente 10 ml de leite materno, com início antes da primeira dose do imunizante. As demais coletas aconteceram no 7º, 14º, 21º e 28º dias da primeira dose, no 7º, 14º e 21º dias da segunda dose e uma outra após quatro meses da vacinação.

As amostras foram submetidas ao teste para detectar a presença de anticorpos imunoglobulina A (IgA) em imunoensaio (ELISA), o mesmo utilizado em estudo israelense que constatou a presença do mesmo anticorpo em lactantes que receberam a vacina da Pfizer.

Durante o ensaio clínico, foi observado picos da presença de anticorpos na segunda semana (vigência da primeira dose), quinta e sexta semana (após o recebimento da segunda dose). Por fim, 50% das voluntárias ainda mantinham a presença elevada de anticorpos mesmo quatro meses após receber o imunizante produzido pelo Instituto Butantan.