A horta comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) foi criada em 05 de junho de 2013
Para comemorar os dez anos de existência da Horta da FMUSP foi elaborada uma programação especial, com o propósito de disseminar a educação ambiental, desde a realização de oficinais de plantio, culinária e plantas medicinais, exposição de fotos sobre os insetos da horta, feira, até a realização do Seminário de Agricultura Urbana. A Semana 10 Anos da Horta da FMUSP aconteceu de 12 a 16 de junho de 2023 e foi aberta ao público geral.
A primeira atividade foi sobre “Plantas Medicinais”, realizada na segunda-feira (12/06), ministrada pela Dra. Ana Flávia Marçal Pessoa, que falou sobre plantas detentoras de propriedades medicinais, ação farmacológica, uso terapêutico, fitoterápicos e outros. “Nossa oficina quis levar aos participantes como no simples preparo de uma tisana, ou chá, medicinal deve-se ter cuidado na identificação das plantas medicinais, além do preparo adequado das partes das plantas, como as folhas, flores, cascas e raízes para obtenção dos ativos farmacológicos, disse a Profa. Ana Flávia. Também foram abordados os cuidados com as interações medicamentosas e o uso dos chás medicinais, e as plantas medicinais e fitoterápicos que estão presentes no SUS, na relação do RENAME e que podem ser utilizados em substituição a alguns medicamentos sintéticos para acidez gástrica (como a Espinheira Santa - Monteverdia ilicifolia, no lugar do omeprazol). O desfecho foi com uma visita guiada com os mais de 30 participantes ao Horto Plantamed, projeto de extensão ligado ao PlantaMed.inpress, que propicia contato, conhecimento e serve como fonte de pesquisa para o Laboratório de Produtos e Derivados Naturais do LIM/26 do HCFMUSP.
No dia 13 de junho, o colaborador Paulo Sérgio Zembruski, voluntário e fundador da Horta da FMUSP, realizou a Oficina “Como plantar em pequenos espaços”. Ele demonstrou a praticidade de ter plantas em casa. Citou os benefícios e explicou como cultivar com os diversos cuidados. E ainda, deu dicas de como as cascas de frutas e ovos, sementes, água de lavar feijão e outras leguminosas podem ser reciclados para transformarem-se em adubo orgânico. Paulo Sérgio Zembruski destacou: “o plantar em casa como ligação ambiental com a natureza e seus desdobramentos sustentáveis, nesse caso, vale plantar qualquer coisa, seja para alimentar-se ou por hobby”.
A Oficina "Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC)" aconteceu no meio da semana (14/06), com Guilherme Ranieri, doutorando do Departamento de Patologia da FMUSP e membro do Grupo de Estudos em Agricultura Urbana (GEAU) do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.
No penúltimo dia (15/03), “Mandioca, rainha do Brasil, foi o tema abordado pela oficina da Dra. Jane Glebia de Abreu, professora de Gastronomia Funcional e Nutrição.
Na sexta-feira (16/06), aconteceu o Seminário de Agricultura Urbana, com a participação da Profa. Thais Mauad, do Departamento de Patologia e Coordenadora da Horta, que fez uma contextualização histórica da Horta. O Dr. Gustavo Nagib e a doutoranda Angélica Nakamura, do GEAU-IEA-USP, falaram sobre a prática da agricultura urbana em pequena escala e sua contribuição para a alimentação. Um panorama referente a agricultura urbana de São Paulo foi ministrado pela aluna Vitoria Leão, do mesmo grupo de pesquisa. O Guilherme Ranieri contou sobre a experiência no Projeto Inova da Horta, em Jundiaí, que viabiliza alimentos frescos e saudáveis para refeições em escolas públicas. Além disso, foi apresentado sobre as ervas da Horta da FMUSP que são servidas nos diversos hospitais do Complexo HCFMUSP, pela Dra. Simone Oku Lot, Nutricionista-Chef do IOT do HCFMUSP. Para encerrar, discutiu-se a respeito das dificuldades e boas práticas atuais nas hortas urbanas, mediado pela Profa. Valeria de Marcos, da FFLCH-USP.
Ainda nesse último dia de comemoração ao aniversário da Horta da FMUSP, três oficinas foram promovidas, sendo duas sobre “Medicina Culinária”, uma com o Chef Dr. Lee Fu Kuang e outra com Bruna Delgado Arid e Ariel Regina da Silva Soares, ambas da FSP-USP. E a terceira, associada a um tour pela Horta da FMUSP, que foi ministrada pela pesquisadora Solange Carrasco da FMUSP, que abordou as propriedades de algumas plantas, a importância de ocupar pequenos espaços e ter plantações em casa, além de ter mencionado pesquisas em andamento, a relevância das doações e expansão da Horta para outros institutos. E também teve, a V edição da Feira de Inverno da Horta da FMUSP, com diversas opções de alimentação saudável, brechó, artesanatos, produtos orgânicos, veganos, chás, temperos, mudas e muito mais, que contou com talentos culinários e artísticos da Faculdade de Medicina.
História
A Horta da FMUSP começou pequena, pela iniciativa de alguns voluntários, que são professores e colaboradores da Faculdade, com o cultivo de poucos temperos em um terraço que estava inutilizado desde 2006, próximo ao Prédio da Administração. Aos poucos, um número maior de pessoas foi se interessando e colaborando, e, até hoje todos são voluntários, não existe nenhum funcionário contratado, e o cultivo de verduras, flores comestíveis, ervas, plantas, frutas e etc., atinge o espaço total de 580m². Inclusive, com a expansão para um terreno no Polo Pacaembu, cedido pela Fundação Faculdade de Medicina. E presta também consultoria no projeto QuintalHU no Hospital Universitário da USP.
Segundo a Profa. Thais Mauad, o objetivo é disseminar informações sobre agricultura urbana em São Paulo e se tornou "um lugar de encontros, improváveis, que proporciona aprendizado de vias múltiplas, entre a Universidade, a natureza e a sociedade civil".
Desde 2018, existe o GEAU, do IEA-USP, sob a responsabilidade das professoras Thais Mauad e Valéria de Marcos, para o estudo da agricultura urbana.
A Horta da FMUSP faz parte da União de Hortas Comunitárias de São Paulo. Foi reconhecida como Horta Urbana, pelo Sampa + Rural, e já sedio o II Congresso HortPanc, em parceria com a Embrapa. Recepcionou oficina de tapioca, encontro com cozinheiras do município de São Paulo e grupo de idosas que faziam espantalhos para colocar na Horta. O espaço forneceu PANCs para jantar feito por chefes, foi inspiração para relatos de seus voluntários que compuseram dois livros de receitas, fornece ervas para a disciplina de Cozinha Didática da FSP-USP e, desde o começo da pandemia, faz doações semanais para entidades que fornecem alimentação para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Contribui para a disciplina optativa de Medicina Culinária, que destaca aos alunos, com pouco treinamento em nutrição, a importância da alimentação na gênese das doenças e prevenção.
