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O panorama da situação atual da resposta brasileira à epidemia de HIV/AiIds foi o tema da palestra de abertura do XIII Curso Avançado de Patogênese do HIV, proferida pela médica sanitarista e chefe do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/AIDs e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Schwartz Benzaken.  A programação do curso prossegue no teatro da FMUSP amanhã e também nos dias 9 a 11 de abril.

Com auditório lotado, o diretor da FMUSP, professor José Otavio Costa Auler Junior, agradeceu a presença do público e lembrou a importância do evento científico promovido pelo Programa de Pós-graduação em Alergia e Imunopatologia da FMUSP. “É uma grande oportunidade podermos ouvir de especialistas de alto nível sobre os avanços no combate ao HIV e à AIDs. Esse debate só engrandece a nossa instituição”.

Responsável e idealizador do curso, o professor Esper George Kallás, um dos mais renomados cientistas nas pesquisas de HIV no Brasil, enfatizou a importância das ações empreendidas pelo Ministério da Saúde no combate à infecção e nas medidas de profilaxia da doença, agradecendo ao apoio do organismo. “O sucesso desse encontro só tem sido possível graças à colaboração da direção da FMUSP e ao apoio irrestrito do departamento chefiado pela Adele  Benzaken”, disse.

Para o presidente da Comissão de Relações Internacionais (CRint), professor Aluisio Segurado, o curso é um dos melhores exemplos de internacionalização da faculdade. “Não seria possível levar ao exterior um corpo acadêmico de mais de 5 mil pessoas. Então é imperioso atrairmos cada vez mais o ambiente internacional para a faculdade, proporcionando a troca de experiência entre os especialistas e ampliando o conhecimento sobre os temas em debate”, disse o professor na abertura do evento. 

Avanço do vírus Os casos de infecção pelo HIV vêm aumentando nos últimos anos no Brasil em  alguns públicos

Entrada do teatro da FMUSP

Participantes lotam o auditório da faculdade no primeiro dia de curso


Estratégias na profilaxia

Benzaken destacou o desserviço prestado por notícias publicadas na imprensa a respeito dos kits de profilaxia pré-exposição (PrEP), que a especialista afirma serem altamente eficazes.  “É preciso divulgar mais e trabalharmos para disponibilizar o PrEP nos fins de semana. O desestímulo ao PrEP é o que nunca gostaríamos que acontecesse. O lado bom é que a polêmica tem ajudado a divulgar o medicamento”, disse.

O kit PrEP começou a ser distribuído pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2017 em 36 serviços de saúde de 11 estados. A profilaxia tem alta eficácia na prevenção do vírus em pessoas que não estão infectadas.

Entre as diversas estratégias integradas que Benzaken mostrou, o Ministério irá aumentar a distribuição de autoteste para o HIV. A médica fez um apelo para o público acessar a Agenda Estratégica para Ampliação do Acesso e Cuidado Integral das Populações-Chave em HIV, Hepatites Virais e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis. O documento está sob consulta pública com formulário eletrônico disponível no site do Ministério e mais informações sobre as formas de participação estão neste link  

Enquanto a doença está relativamente controlada no Brasil, os casos de infecção pelo vírus vêm aumentando nos últimos anos, principalmente em algumas populações.  A maior incidência vem ocorrendo em homens jovens que fazem sexo com homens, além de transexuais e profissionais do sexo. A médica destacou que tanto quanto o HIV, os casos de sífilis também estão crescendo no Brasil.

 Os números do Ministério mostram que 36% de gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) relataram ter feito sexo desprotegido nos últimos 6 meses, e 55% relataram que sua primeira relação sexual foi desprotegida. O dado positivo é que 76,9% de trabalhadores do sexo relataram ter feito o teste para as infecções sexualmente transmissíveis (IST).