Estudo divulgado no Journal of Psychiatric Research revela que na Região Metropolitana de São Paulo 1,6% da população diz ter sofrido de estresse pós-traumático nos últimos 12 meses e 3,2% já vivenciaram o problema ao longo da vida. Embora os resultados indiquem uma baixa prevalência do transtorno, eles alertam para o grande número de casos subsindrômicos, ou seja, aqueles em que a pessoa não apresenta todos os sintomas que configuram o transtorno, mas fica no limiar.
“O conceito de transtorno pós-traumático foi desenvolvido com base em casos de guerra, em que os indivíduos apresentavam sintomas muito graves. O Brasil é um país muito violento, mas não está vivenciando uma guerra civil. Em comparação com outros países, como Estados Unidos, por exemplo, temos uma prevalência baixa. No entanto, observamos muitos casos que são chamados de subsindrômicos e que merecem atenção”, explica Wang Yuan Pang, pesquisador do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) que coordenou o levantamento. Segundo Wang, o índice de exposição a eventos traumáticos foi elevado, chegando em alguns casos a superar 35% da amostra.
O estudo contou com apoio da FAPESP e foi o primeiro a avaliar a Região Metropolitana de maneira sistemática, com uma amostra representativa da população. Ao todo foram incluídos 5.037 voluntários adultos. A iniciativa integra uma pesquisa maior, intitulada The São Paulo Megacity Mental Health Survey, conduzida no âmbito do consórcio internacional World Mental Health (WMH), coordenado pela Organização Mundial de Saúde e pela Universidade Harvard (Estados Unidos), com mais de 20 países participantes (leia mais em: agencia.fapesp.br/15215/, agencia.fapesp.br/20523/ e agencia.fapesp.br/25706/).
Wang explica que o transtorno de estresse pós-traumático é uma condição de saúde mental desencadeada por um evento aterrorizante, que pode ter sido vivenciado ou apenas testemunhado. “O primeiro critério é a pessoa ser vítima de um trauma e só o tempo pode fazer a distinção entre o estresse agudo e o crônico, que persiste por mais de seis meses. O transtorno de estresse pós-traumático consiste em vários sintomas, como pesadelos, ansiedade grave, lembranças repentinas da cena traumática [flashbacks]. Além disso, é comum que a pessoa evite alguns comportamentos para fugir de situações que trazem alguma lembrança do evento traumático”, explica.
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