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De janeiro a junho deste ano, das 39 pessoas com febre amarela atendidas no Hospital das Clínicas da FMUSP, apenas duas morreram, o que representa uma taxa de letalidade de 5%. Muito diferente do passado, quando a letalidade da doença era de 27,6% entre os pacientes que deram entrada com a doença no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER). O HC atendia aos casos menos graves e nesse grupo, dentre os mais graves, a letalidade chegou a 67%, no auge do surto de febre amarela silvestre no estado de São Paulo, em janeiro de 2018.

A drástica redução na mortalidade da doença é fruto colhido a partir de um esforço monumental de pesquisa, empreendido por pesquisadores do HC e IIER. Os avanços no diagnóstico e tratamento da doença são tema de extensa reportagem da revista Pesquisa Fapesp, edição de agosto de 2019, intitulada “Contra-ataque à febre amarela”, assinada pelo jornalista Carlos Fioravanti.

O artigo mostra que, após um ano e meio de pesquisas e cinco artigos científicos publicados entre maio e julho, os médicos vêm conseguindo entender melhor os indicadores da gravidade da febre amarela. Com isto, a triagem mais precisa permite determinar o tipo de acompanhamento ao doente e até mesmo os critérios para receber o transplante de fígado, por exemplo, como mostrou o professor Esper Kallás, infectogista do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da FMUSP, em seminário realizado em março na FMUSP, quando um dos artigos ainda estava no prelo. “Predictors of Mortality in Yellow Fever Patients: an Observational Cohort Study, publicado na renomada revista The Lancet Infectious Diseases, trouxe, pela primeira vez, os preditores de mortalidade para a doença.

Uma estratégia de sucesso adotada no HCFMUSP tem sido principalmente a troca de plasma, que é a porção líquida do sangue, a fim de reduzir a carga viral. A técnica foi detalhada em artigos publicados na Journal of Travel Medicine e também revista American Journal of Tropical Medicine and Hygiene.

A reportagem da revista Pesquisa Fapesp detalha a forma de ação do vírus e os resultados encontrados nos estudos, ressaltando o esforço dos pesquisadores para encontrar uma saída para uma epidemia que já havia assolado o Brasil no final do século 19. Num breve histórico, a reportagem mostra que a doença não poupou nem mesmo renomados profissionais da saúde, como o oncologista paulistano Drauzio Varella, que contraiu febre amarela em 2004, durante uma viagem de pesquisa ao rio Negro, na Amazônia.