A sexta edição do evento contou com nove palestrantes e mais de 200 participantes
A Faculdade de Medicina da USP foi palco da 6ª edição da Semana Preta, evento organizado pelo Núcleo Ayé, o primeiro coletivo negro da FMUSP. Realizado entre os dias 14 e 17 de outubro, o evento trouxe à tona questões cruciais sobre a saúde da população negra. Com o tema "Ubuntu: A Aldeia de Cuidado para a Saúde da Infância e Juventude Negra", a programação destacou a importância de um cuidado integral e comunitário.
Durante quatro dias, foram realizadas palestras, debates e atividades culturais, cada dia focando em um período de vida, desde a saúde neonatal até a adolescência e juventude. Segundo Rafaella Vieira, obstetriz formada pela USP Leste e aluna do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC/FMUSP), um dos maiores ganhos desta edição foi trazer novas abordagens para o debate. "Ao abordar a saúde da população negra, é essencial reconhecer que o tema vai além do racismo. O Núcleo Ayé dedicou atenção especial à saúde de crianças e adolescentes negros, sem limitar a discussão apenas às questões raciais. Essa abordagem trouxe uma perspectiva diferenciada e inspiradora, que motiva e renova as forças para continuar lutando por melhorias na saúde dessa população", afirmou Rafaella, uma das organizadoras do evento.
Lucas Natan Izidoro da Silva, estudante do 4º ano de Terapia Ocupacional, destacou a importância de aplicar as políticas já estabelecidas no Brasil. "Por exemplo, na infância, a escola tem um papel crucial e há uma política de ensino da história afro-brasileira, mas ela é pouco implementada. Isso impacta a autoestima e o autoconhecimento dos jovens, que ficam sem referenciais importantes. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra também é pouco aplicada na realidade. Precisamos garantir que as políticas existentes sejam totalmente implementadas em nosso país", ressaltou o aluno, que também é membro do Núcleo Ayé.
A 6ª edição da Semana Preta foi um marco importante na promoção de um senso de comunidade e pertencimento para estudantes e docentes negros na universidade, predominantemente branca. O evento reforçou a necessidade de abordar as causas profundas das desigualdades na saúde, como fatores socioeconômicos e racismo sistêmico.
FESTIVAL É SOM DE PRETO
O encerramento da programação será no sábado, dia 30 de novembro, com a promoção do festival cultural "É Som de Preto", com jovens artistas negros de diversos estilos musicais, celebrando a resistência e resiliência da comunidade negra. O evento será na sede da Associação Atlética da Medicina (AAOC), das 14h às 19h,e os ingressos gratuitos podem ser retirados no link (CLIQUE AQUI).