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Pesquisa realizada com pacientes do Hospital das Clínicas indica que intensidade do aperto de mão e ultrassonografia da massa muscular podem ajudar no prognóstico de pacientes

A força e a massa muscular de uma pessoa podem ajudar a prever o tempo de internação e até a mortalidade para determinadas condições críticas. Em pacientes hospitalizados com Covid-19, no entanto, isso ainda precisa ser determinado. Um estudo realizado ano passado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicinada Universidade de São Paulo, entretanto, indica resultados positivos para essa questão.

“Essa observação parece ser verdadeira também para pacientes com Covid-19, pelo menos quando pensamos em tempo de internação”, afirma o Prof. Bruno Gualano, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Ele é coautor de um artigo sobre o estudo, realizado com 186 pacientes com Covid-19 moderada ou grave, liderado por Hamilton Roschel, um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da USP, e Saulo Gil, pesquisador de pós-doutorado da FMUSP.

Para coleta de dados, os pacientes foram testados em menos de 48 horas após sua admissão hospitalar para medir a força da preensão manual de cada um. Eles apertaram um dinamômetro com a mão dominante aplicando o maior esforço possível em até três tentativas. O melhor resultado foi utilizado para análise, assim como uma ultrassonografia da massa muscular dos pacientes, também feita no momento da admissão.

“Os pacientes com maiores níveis de força, ou seja, os mais fortes, apresentaram um tempo de hospitalização mais curto em comparação com os mais fracos”, afirma o Prof. Gualano. Os resultados permaneceram consistentes mesmo quando ajustados para diferentes variáveis, como sexo, faixa etária, obesidade e presença de diabetes tipo 2.

O próximo passo, segundo o Professor, será investigar a trajetória da força e damassa muscular após a hospitalização. Para isso, será feita uma análise desses indicadores também no momento da alta dos pacientes, para avaliar sua evolução clínica após a Covid.

Apesar dos resultados promissores até o momento, Gualano avalia que ainda é cedo para saber se exercícios de fortalecimento muscular podem tornar o indivíduo mais resistente à Covid-19. “Pode ser interessante no sentido preventivo, embora não tenhamos testado para essa possibilidade”. Quanto ao aprendizado que o estudo deixa, no entanto, ele é taxativo. “Se manter ativo é importante, sobre tudo com atividades que desenvolvam a capacidade física".