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Pesquisas do grupo de Estudos em Envelhecimento Cerebral da FMUSP foram selecionadas entre milhares de resumos para apresentar seus resultados em forma de palestras na Conferência Internacional da Alzheimer’s Association, que ocorreu em Chicago no fim do mês de julho. Quase 6.000 pesquisadores da demência de Alzheimer de todo o mundo se reuniram para trocar informações sobre os resultados mais recentes na área, incluindo resultados de ensaios clínicos sobre medicamentos contra a doença de Alzheimer.

Entre os estudos de destaque, o trabalho liderado por Claudia Suemoto, professora da Divisão de Geriatria da FMUSP, mostrou que mesmo poucos anos de educação formal diminui o risco de desenvolver demência. Esse trabalho amplia resultados anteriores do mesmo grupo e é o primeiro realizado com uma população de países em desenvolvimento e de baixa escolaridade. Até então, só se sabia que educação secundária tinha o poder de proteção e nada se sabia sobre o efeito protetor da educação primária.

O trabalho liderado por Roberta Diehl Rodrigues, neurologista e pós-doutoranda do Departamento de Neurologia, discutiu um caso de demência de Alzheimer em um paciente jovem. A Doença de Alzheimer é mais comum em pessoas acima de 65anos, e pacientes mais jovens podem receber o diagnóstico errado da causa de demência. O trabalho da dra. Rodriguez chama atenção para a necessidade de se considerar o diagnóstico de doença de Alzheimer em pacientes com demência que são mais jovens que 65 anos.

Finalmente, a dra. Lea Tenenholz Grinberg, professora do Departamento de Patologia foi convidada para apresentar o conjunto do trabalho que ela lidera com o grupo de Estudos em Envelhecimento Cerebral da FMUSP sobre quais são as lesões iniciais da demência de Alzheimer no cérebro. Como a demência de Alzheimer é progressiva, identificando as lesões iniciais será possível bloquear a progressão da doença antes mesmo que os sintomas fiquem evidentes. A dra. Grinberg destaca que “na área de Alzheimer a ciência brasileira está fazendo muita diferença”. 

E reforça a importância do acervo do Biobanco para Estudos no Envelhecimento da FMUSP, que recebe doações de cérebros de familiares de indivíduos que são autopsiados no Serviço de Verificação de Óbitos da Capital. Segundo a professora, nenhum outro lugar no mundo possui uma coleção de cérebros semelhante, porque “é a única coleção cuja a fonte é populacional, ao contrário de coleções que vêm de clínicas de demência”.

Através dessa coleção, a dra. Grinberg liderou diversos estudos que mostraram que a demência de Alzheimer pode ser identificada no cérebro antes do que se sabia previamente. Esses achados mudaram a área de pesquisa na demência de Alzheimer. Mais de 1.000 pesquisadores estiveram presentes na palestra que ministrou na Conferência, onde destacou a importância do grupo de Estudos em Envelhecimento Cerebral da FMUSP para o esforço mundial de erradicar a demência de Alzheimer no mundo. “Nossos resultados têm impactado em como pesquisadores ao redor do mundo entendem a doença de Alzheimer e estimulando pesquisas que vão curar a doença logo no seu início, inclusive várias de nosso grupo”, avalia.