E já se foram mais de 100 dias convivendo com a Pandemia , pois o processo de viver ”fora do normal” com total quebra de rotinas me fez refletir sobre o Tempo.Tempo de aprendizagem, de fazer ajustes internos, externos e espirituais.
Tempo de olhar para si , de se amar , de reconciliar-se com a vida e perceber o quanto a morte se faz presente e ensina.
Tempo de sentir que o tempo não é o mesmo, nem igual.
Sinto-me convidada a fazer esta travessia em busca de reconstruir meus valores e caminhar com a certeza que preciso
cuidar do meu interior, da minha alma, das pequenas coisas e gestos , dos amigos verdadeiros, da família e das pessoas que amo.
Lidar com a Pandemia me impulsiona a pensar cada vez mais na Finitude e na brevidade da vida.
Tempo de mudanças, elas acontecem diariamente, são dinâmicas e me faz resignificar a vida.
Tempo de agradecer pelo dom da vida, por ter saúde ,trabalho ,forças para prosseguir e enfrentar o dia a dia. Obrigada meu Deus.
Ganhei: amigos,novos desafios, aprendi lidar com novas tecnologias e enfrentar novos tempos
Perdi:Parentes, amigos, pessoas próximas , liberdade de ir e vir e encontrar pessoas que amo.
Porém, fui tocada a continuar com força, garra , determinação e com a missão de estar presente nos momentos mais difíceis desta Pandemia .
Reneide
Noites e noites a sonhar
Com quem poderia me desabafar
Com quem poderia me aconselhar
Criança perdida, sem rumo na vida
Pai, me ajuda a pensar
Qual o caminho que devo tomar?
Pai, preciso me confessar
Mas, não acho ninguém
Que eu possa confiar
Pai, quantas noites a sonhar
Esperando o senhor falar
Dorme filho, dorme filho
O seu caminho, vou ajudar a tomar
Noites e noites a sonhar
Com quem poderia me desabafar
Com quem poderia me aconselhar
De tanto sonhar
Uma luz divina
Veio me falar
Dorme filho, dorme filho
O seu caminho, vai ter que tomar
Mas, tenha certeza, que o seu pai
Jamais o abandonará.
Claudinei S. Oliveira
Estou adorando vivenciar reflexões, poesias, coisas que vem de “dentro”, sentimentos que nos envolvem e nos impulsionam para continuarmos seguindo em frente. Momentos que nos ajudam a refletir acerca da vida, sua preciosidade e sobre o tempo, esse incontrolável, pois escorre pelas mãos. Então é chegado o momento, vamos aproveitar esse tempo para nos ressignificarmos? Acredito que estamos no caminho certo, é inevitável não pararmos pra pensar em tudo o que vem acontecendo ao nosso redor, essa pandemia agregada ao momento político vigente e todas as inconstâncias advindas desse pandemônio. Das duas uma: ou sucumbimos ou colocamos em prática a nossa resiliência, temos de resistir e buscar novas alternativas de enfrentamentos, sejam eles de cunho material, tecnológico, espiritual. Nós, seres humanos dotados de capacidades infinitas, temos vários dons, um deles é o de sonhar, outro é o de acreditar que dias melhores virão, temos esperança como um sentimento verdadeiro, e como dizem: é a última que morre”. Estamos sendo colocados à prova, às vezes a tentação de jogar a toalha é forte, mas se encontrarmos a coragem de fazer esses enfrentamentos no final voltaremos à luta e tenho certeza que sairemos mais fortes do que antes.
Então para terminar deixo aqui um poema de Benedetti que nos fala sobre resiliência e tem tudo a ver com essa reflexão: “Não te rendas” (Não Desista):
”Não te rendas, ainda estás a tempo de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras, enterrar os teus medos, largar o lastro, retomar o voo.
Não te rendas que a vida é isso, continuar a viagem, perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos, arrumar os escombros e destapar o céu.
Não te rendas, por favor, não cedas, ainda que o medo morda, ainda que o sol se esconda, e se cale o vento: ainda há fogo na tua alma, ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque a vida é tua, e teu também o desejo, porque o quiseste e u te amo, porque existe o vinho e o amor, porque não existem feridas que o tempo não cure. Abrir as portas, tirar os ferrolhos, abandonar as muralhas que te protegem, viver a vida e aceitar o desafio, recuperar o riso, ensaiar um canto , baixar a guarda e estender as mãos, abrir as asas e tentar de novo, celebrar a vida e relançar-se no infinito.
Não te rendas, por favor, não cedas, mesmo que o frio queime, mesmo que o medo morda, mesmo que o sol se ponha e se cale o vento, ainda há fogo na tua alma, ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
Porque esta é a hora e o melhor momento,
Porque não estás sós, porque eu te amo”
Essa é a minha pequena contribuição, sigamos em frente, sempre.
Miriam Figueiró
Palavra que retrata bem minhas últimas semanas. Em mais umas das idas ao trabalho, consigo realizar aquilo que mais gosto, andar de ônibus ouvindo música no fone de ouvido, observando as ruas, as pessoas, os lugares e viajar pela minha mente e imaginação. Ao som de “Bilhetes”, ao chegar no trecho:
“Às vezes não tem outro jeito
O jeito é seguir
Lembrar que o que me fere
Também me faz sorrir
Escrevo em um bilhete
Ame tudo que puder
Seja o que for
Venha o que vier
E se caso for
Eu posso esperar
A chuva passar
Pra recomeçar“
De repente me deparo pensando “e seu escrevesse um bilhete para a pandemia, após tudo isso passar? O que escreveria?”. Pensei em dizer: sabe…houve momentos nos quais desacreditei de você, mas percebi quão sério seria sua presença, senti medo, ansiedade, frustração, tristeza… Senti o impacto no meu dia a dia, as viagens para ver minha família não foram as mesmas e nem recorrentes, senti falta do abraço, perdi momentos especiais…tive que me adaptar e ressignificar.
Como diz a música, o jeito é seguir, me apego aos momentos em que meio a tudo isso consigo amar e sorrir, em meio ao medo e desespero partilhar com alguém é meu refúgio.
Sinto como na música, que posso esperar, essa chuva irá passar e poderemos recomeçar…
E Saudade, ahhh você Saudade no meu recomeço está no primeiro da lista para eu sanar!
R.
“Os encontros dos raios de sol na pele aquecem o frio gelado do inverno,
Os macacos balançam os galhos das árvores,
Os gatos brincam como se não houvesse tosses e espirros de sintomáticos respiratórios ao redor,
Os gatos dormem ao sol escaldante como se não houvesse pandemia,
As máscaras incomodam e permeiam a reunião de “que? Não consigo te escutar”
As máscaras escondem o som, só não podem nos silenciar.”
Residentes do Centro de Saúde