No que diz respeito ao ensino de graduação em Terapia Ocupacional, o processo de discussão e a posterior aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais trouxe novas formulações e referências para o ensino de terapia ocupacional e, nesse sentido, não só a grade curricular, mas as metodologias de ensino do curso foram repensadas e ganharam novas feições. Na realidade, o corpo docente que atua no curso da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) tem participado ativamente das discussões que, ao longo dessas últimas décadas, buscam atualizar e aprimorar o ensino na área. Por isso, a formação proposta pelo curso está sempre em diálogo com as tendências mais atuais da educação profissional e interprofissional, tomadas em sentido amplo, e com as questões mais específicas do campo da terapia ocupacional. O curso é reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo e credenciado junto a World Federation of Occupational Therapy.
A Área conta com docentes que coordenam grupos de pesquisa credenciados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPQ, que participam de programas de pós-graduação acadêmicos e profissionais na FMUSP, na USP e em outras instituições. Ao longo de sua trajetória, o Curso de Terapia Ocupacional da FMUSP, o mais antigo do país, criou e desenvolveu campos de atuação e estratégias de atenção inovadores para a terapia ocupacional no Brasil, o que tem impactado de forma significativa na formação de uma parcela importante de profissionais que, ancorada nas demandas da realidade social brasileira, tem contribuído no atendimento da população e na implementação de políticas e serviços nas áreas da saúde, educação, previdência social, cultura, trabalho e assistência social.
A área de Terapia Ocupacional teve sua origem na criação do curso de formação técnica em terapia ocupacional no Instituto de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IR), em 1958. O curso tinha forte influência de profissionais estrangeiros que vinham ao Brasil apoiar sua implantação e de profissionais brasileiros que se capacitavam por meio de intercâmbios com centros internacionais nos quais a reabilitação e as práticas de terapia ocupacional já eram mais consolidadas. O IR formava terapeutas ocupacionais, bem como outros profissionais de reabilitação, ancorado em uma perspectiva multiprofissional da reabilitação, o que era bastante inovador à época. Na década seguinte, vários fatos marcaram a gradativa institucionalização da terapia ocupacional no Brasil e o ensino teve nesse processo um lugar fundamental. Em 1963, o Parecer nº 388 do Conselho Federal de Educação instituiu a duração mínima da formação na área de terapia ocupacional em 2.160 horas, em três anos, e definiu um Currículo Mínimo que deveria ser implementado por todos os cursos do Brasil, o que foi efetivamente tornado obrigatório com a Portaria nº 511 de 1964. Também nessa década, em 1969 a profissão de terapeuta ocupacional foi regulamentada por meio do Decreto-Lei nº 938, instituindo, também, a necessidade de diploma de nível superior para o exercício da profissão.
A partir de 1969, com a finalização das atividades do IR, o curso foi transferido para a FMUSP, ficando ligado administrativamente a departamentos de outras especialidades médicas até 1999. Nesse período o curso foi se transformando, seguindo a nova realidade da profissão e as medidas legislativas que orientaram a formação profissional.
A partir de 1975, a terapia ocupacional passou a contar com um Conselho Profissional em conjunto com a área de fisioterapia (COFFITO) e com associações que, entre outras ações, buscaram reformular o Currículo Mínimo e alinhá-lo às proposições da Federação Mundial dos Terapeutas Ocupacionais (WFOT). Desse modo, em 1982 o Ministério da Educação e Cultura aprovou a proposta encaminhada pelas entidades profissionais em 1980 e os cursos de terapia ocupacional brasileiros passaram a ter uma carga horária mínima de 3.240 horas e ser ministrados em quatro anos (Parecer 622/1982). Na USP, a primeira turma a ser formada em 4 anos ingressou em 1983 e as alterações curriculares tornaram-se foco de discussões e decisões coletivas, envolvendo docentes, estudantes e profissionais da área. Nessa ocasião, um outro conjunto de mudanças também foi muito importante: a partir do atendimento de demandas estudantis, a área de terapia ocupacional da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) passou a contar com um plano institucional de reestruturação que previa a contratação de um corpo docente estável e compatível com as novas necessidades curriculares. Nesse momento, a área passou a tomar um novo impulso e a composição desse corpo docente permitiu que se iniciassem as atividades de pesquisa em terapia ocupacional.
Assim, em dezembro de 1999, já com um conjunto expressivo de atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária, a Terapia Ocupacional, em conjunto com a Fonoaudiologia e a Fisioterapia, passou a integrar um departamento próprio dessas áreas, o Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP.