Bula Papal

Tratamento de conservação da Bula Papal de Clemente VI

Em outubro de 2009 o Museu Histórico foi ao Núcleo de Conservação e Restauro Edson Mota – NUCLEM – da Escola SENAI Theobaldo De Nigris de Artes Gráficas, Celulose e Papel para, numa parceria, tratar a bula do Papa Clemente VI em pergaminho, datada de 1345.

O Museu possui um acervo de conteúdo eclético, formado principalmente por doações. Caso da bula papal , que fora doada à Faculdade por Antonio Bernardes de Oliveira em 1925.

Esta bula encontrava-se emoldurada com materiais inadequados para sua conservação, como papéis e cartões ácidos.

A bula que tratamos aqui é em pergaminho, manuscrita em latim com tinta metaloácida marrom na face interna da pele, com o conteúdo textual e data. Do lado externo da pele, informações manuscritas em tinta metaloácida marrom mais escura, sendo um resumo do conteúdo.

Encaminhamos já desmontada pelos técnicos em conservação do Museu ao laboratório do SENAI. Possuía algumas sujidades, manchas de manuseio e de tinta marrom e resíduos de fitas adesivas nas bordas laterais, superiores e inferiores, provavelmente usadas para fixar a obra à montagem anterior. Apresentava vincos e ondulações bastante pronunciados e suporte pouco flexível; marcas de três dobras horizontais e três dobras verticais; uma perda de suporte na borda inferior da plica; marcas de abrasão. Os pigmentos da tinta da escrita estavam em bom estado, apesar de leve esmaecimento do anverso, que ficara exposto à radiação luminosa devido à montagem anterior.

Devido ao bom estado de conservação da bula, esta foi submetida aos seguintes procedimentos de conservação:

  • Documentação fotográfica e fichamento;
  • Remoção do selo e posterior recolocação;
  • Testes para verificar possibilidades de tratamento, resistência do suporte, pigmentos e adesivos possíveis de serem aplicados, a fim de expor a obra aos menores riscos possíveis;
  • Higienização para remoção de sujidades superficiais;
  • Aplanamento contínuo em câmara de umectação controlada para hidratação e relaxamento do pergaminho;
  • Colocação sob leve pressão controlada para reduzir deformações e vincos;
  • Montagem realizada com cartões de qualidade museológica e em passe-partout duplo. Moldura em madeira com vidros de qualidade museológica, sem reflexo e com filtros anti UV. 
  • A fixação do pergaminho no cartão se dá através de tiras torcidas de papel japonês por toda a borda, permitindo a movimentação do pergaminho sem que ele sofra deformações.

A moldura e a montagem elaboradas com esses aspectos de conservação protegem a obra da interação com o meio ambiente, bem como permitem a exposição da obra de forma segura, ao proporcionar a visualização de ambas as faces sem a necessidade de manuseio direto.