Retratos dos Diretores e Professores da FMUSP

Conservação e restauração dos retratos dos Diretores e Professores da FMUSP

A Faculdade de Medicina da USP possui uma coleção de retratos de seus Diretores e Professores que compreende 84 obras, pintadas num período de quase 100 anos. Entre os anos de 2010 e 2012, todas elas passaram por um complexo tratamento de conservação e restauração. Como resultado final, o Museu Histórico “Prof. Carlos da Silva Lacaz” realizou uma exposição comemorativa ao Centenário da FMUSP, intitulada “O Restauro, O Retrato: os Diretores da Faculdade de Medicina da USP de 1912 a 2013”, com a apresentação de 20 obras ao público. Após o encerramento da exposição, o Museu Histórico montou uma exposição permanente dessas obras nos pavimentos 2º e 3º do Prédio Central da FMUSP. 

As obras estavam armazenadas em local impróprio, o que ocasionou deterioração por fatores físicos, químicos e biológicos. Além disso, intervenções anteriores de restauro inadequadas contribuíram para o mau estado de conservação das obras. 

As molduras e chassis estavam infestados por cupins e contaminados por fungos, ocasionando quebra e perda da madeira e dos ornamentos. As telas estavam infectadas por fungos, e a falta de controle ambiental provocou deformações e rachaduras da camada pictórica, bem como a oxidação dos vernizes. Havia também grande quantidade de sujidade nas superfícies, proveniente da poluição ambiental. 

Processos para a restauração das obras 

Inicialmente, as telas foram separadas de suas molduras. As telas seguiram para tratamento no laboratório de restauro, sob a coordenação da restauradora Marcia de Mathias Rizzo. As molduras, por sua vez, seguiram para o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, onde foram imunizadas em atmosfera anóxia (sem oxigênio), sendo posteriormente encaminhadas ao laboratório de restauro.

O primeiro procedimento realizado nas telas foi a retirada e o descarte dos chassis infestados para colocação de novos chassis. Enquanto estavam sem os chassis, os versos das telas foram limpos, tratados e planificados. Procedeu-se então à remoção ou reversão de intervenções anteriores inadequadas, sem que houvesse prejuízo às obras. Praticamente todas as telas tiveram de receber reforço de bordas (adesão de uma faixa de tecido adicional às bordas), a fim de que pudessem ser esticadas novamente.

Depois de colocadas nos novos chassis, as pinturas foram limpas quimicamente, com produtos adequados a cada caso, e mecanicamente, com auxílio de bisturis. Os vernizes oxidados e a sujidade foram removidos, assim como repinturas e retoques antigos. Algumas obras receberam reintegrações cromáticas pontuais, com tintas reversíveis específicas para restauro, somente nas lacunas em que havia perdas. Todas as obras receberam uma nova camada de verniz de proteção, que é sintético e não oxida.

As molduras também foram limpas para retirada da sujidade. As massas e reconstituições grotescas foram removidas. As cavernas deixadas pelas galerias de cupins foram consolidadas com injeção de polietileno glicol.  As partes faltantes das molduras foram modeladas e reconstituídas a partir de moldes de silicone. Realizou-se também reintegração cromática localmente.